sexta-feira, 1 de maio de 2009

CONVERSA COM O CHURRASQUEIRO DA ESQUINA

Acabo de sair da Câmara de Vereadores de Cachoeiro de Itapemirim onde numa reunião interessante, envolvendo políticos, entidades sociais, sindicalistas, representantes patronais e lideres comunitários, através da apresentação gráfica de uma representante do DIEESE, tentavam, a longas e compulsivas exclamações, demonstrar o fato chave do momento, ou seja; “A crise financeira mundial e seus efeitos colaterais”.
O então Sr. Prefeito Carlos Catelione, convidado especial do evento, elevando estimas primordiais ao seu subalterno chefe de finanças, solicitou a apresentação de demonstrativos financeiros onde, transparentemente, notava-se a “queda da arrecadação municipal”, devido a crise mundial.
Paralelamente, ocupando o espaço cedido, o representante legal do sindicato patronal expôs também, com enorme ênfase e convicção, as conseqüências, os efeitos e os prejuízos causados aos empresários pela então “crise econômica”.
Como as instituições são altamente democráticas e, em se tratando de vésperas do dia 1º de maio, data em que se comemora o dia do trabalho (e do trabalhador), ocupou seu espaço no plenário da câmara, como também convidado, o presidente da C.U.T. estadual, sr. Nunes, manifestando com a sabedoria de quem luta junto à massa operária, o pensamento único de toda a classe civil; a banalidade das analises ali apresentadas.
A cultura da desigualdade sempre foi uma situação desfavorável entre patrões e empregados. Este fundo moralista de privação intelectual se eterniza na proeminência das articulações patronais e ninguém mais engole esta distorção publica.
Na verdade, com crise ou sem crise, aquele que produz riquezas neste país reitera, de imediato, um tratamento definitivo para os traumas da servidão perpétua.
É óbvio que a ampla distribuição de renda é o antídoto que combate o flagelo e derruba qualquer tipo de crise.
O mundo real tem escolado alguns empresários a abandonarem suas antigas diretrizes, já obsoletas e arcaicas.
Quando se comprometem à fiéis seguidores da atualidade, reduzem o percentual de seus lucros e dividendos, apresentam contra-propostas viáveis aos representantes das classes trabalhadores, e aí passam a costurar o abrandamento da crise, abrindo um amplo horizonte ao fortalecimento de suas empresas onde os lucros, somados aos procedimentos, intensificam a produção dos seus produtos, abrindo com êxito um amplo mercado representativo.
Longe da ingenuidade, não obstante querendo banalizar as diversas análises, seria justo dizer que esta crise mundial é fruto de mera especulação.
É como disse na assembléia nosso companheiro da CUT:
“Não vamos deixar que o trabalhador brasileiro, mais uma vez, “pague o pato” pelas irônicas e alegadas imperfeições do sistema.”
AH! O churrasqueiro da esquina!
Ao sair do plenário dei uma passadinha ali pelo churrasqueiro da esquina, velho conhecido e de pouca cultura.
Por mera curiosidade resolvi perguntar-lhe sobre a “tal crise financeira”.
E com uma tonalidade firme, daquelas de quem vive a vida dentro da cultura e da sabedoria popular, pude ouvir a seguinte resposta:
“Comigo não existe crise; não tenho patrão. Trabalho bastante para sustentar minha família.”
Foi uma noite inesquecível.
Mauricio Sena

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