quarta-feira, 29 de abril de 2009

DESABAFO SOCIAL

O povo e a medicina contemporânea

Juramento médico:
Prometo que ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará aos segredos que me forem revelados, os quais terei como preceito de honra.Nunca me servirei da profissão para corromper os costumes, ou favorecer o crime.Se eu cumprir esse juramento com fidelidade, goze eu, para sempre, a minha vida e a minha arte, de boa reputação entre os homens.Se os infringir ou deles me afastar, suceda-me o contrário.

Quanta ironia no compromisso acima assumido nesta era contemporânea, não é verdade?
O fascínio pela arte de curar se apagou com o tempo adotando características de um ideal de quem não quer salvar vidas, mas estabelecer investimentos.
A cada momento de nossa história, a ética profissional medica, que deveria militar em defesa da vida, limita-se transparentemente entre investimentos faraônicos e contas bancárias iluminadas, que se perdem de vista no desenrolar de opções financeiramente aplicáveis.
Dr.Washingthon Mondaini e Dr. Aristóteles; quem não se lembra destas figuras humanitárias, médicos familiares, atenciosos, coerentes, compromissados seriamente com a profissão que exerciam?
Se fossemos traçar hoje uma linha entre aqueles que defendem com afinco e seriedade a saúde e o bem estar social, cumprindo fielmente aquele juramento acima descrito, certamente chegaríamos a um ponto final tortuoso, triste, constrangedor e revoltante.
Defender a vida constitui um ato de bravura e um desafio a si mesmo.
Quando a classe política perdeu o idealismo e colocou acima de tudo interesses pessoais, jogava-se no lixo, naquele momento, definitivamente, a credibilidade popular na malha administrativa do país. E hoje, por mais sério e honesto que sejam alguns deles, a mídia não perdoa; sacrifica-os.
Erros médicos, falta de transparência na comunicação e certas posturas comportamentais de alguns profissionais da saúde tem se tornado conhecido desafetos da população.
Vidas são salvas hoje no Brasil através de uma tabela de preços, um valor, uma permuta. Coisas do mundo capitalista.
Não podemos resolver todos os problemas da humanidade, mas precisamos de mais, muito mais, principalmente moralizar este sistema de saúde fechado que tende transformar vidas em mercadoria, enriquecendo déspotas de exigências excessivas e de histerias conservadoras, que cometem exageros estratégicos e equivocados todas as horas do dia.
Em defesa da vida, através deste texto de revolta, clamo aos profissionais médicos ainda responsáveis e aos diversos dirigentes de caráter que ocupam cargos de prepostos nos órgãos públicos, que não sejam seguidores daqueles que, por imposição de valores financeiros perderam definitivamente a identidade e mergulharam profundamente na imperfeição da competência e do profissionalismo.
Não se enche de orgulho quem perde um membro da família, não por um erro médico, mas pelo descaso de uma atenção mais polarizada, mais acentuada, mais humana.
O excesso praticado por alguns médicos tem expressado no povo grandes frustrações e imenso desgaste social.
Queira Deus que manifestações populares não provoquem processos punitivos a esta violação de direitos.
Perdi minha mãe dias atrás; não por um erro medico, mas por descaso de um profissional que se propôs a salvar vidas.
O golpe foi violento e agressivo, mas, o consolo pela ausência tem seu ponto forte; “Deus sabe muito bem o que faz”.
O pior golpe neste acontecimento é ainda acreditar que seres humanos, portadores de uma cultura invejável a serviço do bem comum lamentavelmente perderam o respeito, diminuíram valores e prosseguem na vida descartando o semelhante.
A democracia nacional é constituída de direitos iguais de profunda e indiscutível manifestação e, dentro destes parâmetros, que abrange a expressão diferente desta elite branca onde a sóbria apreciação da vida se manifesta apenas em lucros e dividendos pessoais, reitero, como cidadão de direitos, meu protesto contra este procedimento de assombrosa violência.


MAURICIO SENA

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